Por que os biomas brasileiros nunca estiveram tão ameaçados

Nos mais de 40 anos em que frequenta a Lagoa do Peri, localizada no sul da ilha de Florianópolis e conhecida por ser a maior lagoa de água doce da costa de Santa Catarina, o pescador Osni nunca havia visto tamanha estiagem. O rio que conecta a lagoa à casa da família, no alto de um morro por onde passam cachoeiras, está praticamente seco. Para sair de onde mora, Osni, que há alguns anos tornou a casa na lagoa sua residência permanente, precisa carregar a canoa por alguns metros de lodo até finalmente alcançar a água — são cerca de 20 minutos de remada até uma trilha que desemboca na estrada, que ele percorre de bicicleta.
Com pouco mais de 5 quilômetros de extensão e 11 metros de profundidade, a lagoa é cercada por vestígios de Mata Atlântica primária. Os cerca de 2 mil hectares que compõem o ecossistema são considerados unidade de conservação. Além da mata em regeneração, abriga animais típicos, como a lontra e o macaco-prego, e aves ameaçadas de extinção, caso da gralha azul. É fundamental também para o abastecimento de água de população da Ilha, atendendo entre 102 mil e 113 mil habitantes, principalmente nas regiões leste e sul.






O desequilíbrio é preocupante. Em visitas técnicas, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) já identificaram a morte de peixes, o aparecimento de gaivotas e gaviões que não fazem parte da fauna local e a proliferação de cianobactérias tóxicas. A proximidade com o Oceano Atlântico e a presença de um sangradouro entre o mar e a lagoa também aumentam o risco de que, se o processo de erosão continuar, a água salgada acabe contaminando a doce. Mas, além dos perigos locais, a situação na Lagoa do Peri serve de alerta para uma crise muito mais grave: os biomas brasileiros nunca estiveram tão ameaçados.
Segundo o primeiro Relatório Anual do Desmatamento do Brasil, divulgado no fim de maio pelo Map Biomas, o país perdeu em 2019 ao menos 1,2 milhão de hectares de vegetação nativa, área equivalente a oito vezes o município de São Paulo. Mais da metade (60%) de toda área desmatada está na Amazônia, com 770 mil hectares perdidos. No início de junho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) constatou que entre agosto de 2018 e julho de 2019 foram desmatados 10.129 km² de floresta, área equivalente a mais de oito vezes a da cidade do Rio de Janeiro e maior índice desde 2008.
Mas a destruição também foi significativa no Cerrado (408,6 mil hectares), no Pantanal (16,5 mil hectares), na Caatinga (12,1 mil hectares) e na Mata Atlântica (10,6 mil hectares). Mesmo figurando como última da lista, a Mata Atlântica, bioma ameaçado desde o início do processo de colonização do país, teve um desmatamento significativo, com um crescimento de quase 30% entre 2018 e 2019 em relação ao ano anterior (2017-2018), de acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica.

Os dados e o exemplo da situação da Lagoa do Peri evidenciam a gravidade de um efeito cascata generalizado da ameaça aos biomas brasileiros. “Pensar no estado de Santa Catarina não é só olhar para a Mata Atlântica. Ela está conectada com a Amazônia, por exemplo, não dá para pensar em uma coisa sem a outra”, explica o professor Lindberg Nascimento Júnior, do departamento de Geociências da UFSC. A bióloga Marlúcia Martins, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, completa: “quando pensamos em respirar, beber água, comer e até se relacionar, precisamos lembrar que para cada uma dessas atividades existe algum serviço que os ecossistemas prestam.”

Caminho sem volta

Um bioma é o conjunto de ecossistemas animais e vegetais que têm um certo nível de homogeneidade ou características próximas entre si. No Brasil, há seis principais: segundo o IBGE, a Amazônia é o maior deles, ocupando 49,5% do território nacional; o Cerrado é o segundo mais extenso, correspondendo a 23,3% da área do país; em seguida vêm Mata Atlântica (13%) Caatinga (10,1%), Pampa (2,3%) e Pantanal (1,8%). Há ainda o Sistema Costeiro-Marinho, que ocupa 1,7% do território em sua parte continental (superpondo-se aos outros biomas).
Embora possam ser separados conforme suas características, no fundo, todos estão interligados. Na questão das chuvas, por exemplo, tão importante quanto sistemas de ventos e nuvens nos oceanos é a trajetória da água pelos chamados “rios voadores”. Isso depende muito do equilíbrio dos biomas que abastecem a atmosfera com água — papel desempenhado especialmente pela Amazônia — e a retêm no solo.  É por isso que o desmatamento no norte tem efeito direto na estiagem do sul do país e, por sua vez, em ecossistemas locais.
É também nos biomas onde vivem bilhões de agentes polinizadores, como abelhas, vespas, formigas, moscas, borboletas, entre outros insetos. Esse conjunto das espécies que habitam sistemas, explica Martins, são fundamentais para a manutenção dos sistemas agrícolas. São eles que levam o pólen de um vegetal para outro, possibilitando reprodução e crescimento. Sem eles, o cultivo de soja, café, laranja e maçã, alguns dos principais produtos agrícolas do país, seria praticamente impossível, causando um grande prejuízo.
Um levantamento de 2019 da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos mostra que, em 2018, as culturas que dependeram desses agentes responderam por US$ 12 bilhões na economia brasileira. “O impacto da degradação de um bioma não é só ambiental, mas econômico”, explica Rubens Benini, líder da estratégia de restauração florestal da The Nature Conservancy (TNC) na América Latina. Desmatar a Amazônia, na visão do especialista, seria “matar a galinha dos ovos de ouro” do país.
“A curto prazo, o efeito negativo é termos nossa imagem internacional arranhada”, explica a pesquisadora do Emílio Goeldi. E isso já vem acontecendo: na última semana de junho, fundos internacionais de investidores, que gerenciam cerca de R$ 21 trilhões, cobraram do Brasil mais efetividade na área ambiental. “A médio prazo, precisaremos de um projeto de socorro. E, a longo prazo, perderemos a sustentabilidade natural, iremos à bancarrota, como muitas civilizações já foram, sem futuro mesmo para o agronegócio.”
É o que os especialistas chamam de tipping point, ponto a partir do qual um sistema não consegue mais se recuperar — em geral, estimado entre 20% e 25% de degradação. A Amazônia está hoje em 19%, segundo um artigo publicado em fevereiro de 2020 na revista Nature.

Como chegamos aqui

“A situação é mais grave do que parece”, diz Carlos Nobre, pesquisador aposentado do Inpe e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN). “Depois de grande sucesso nas políticas ambientais do país até 2012, voltamos a ter um aumento gradual no desmatamento, mas a partir de 2018 até o presente 2020 isso vem acontecendo com uma velocidade muito grande.”
Em junho, o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 1.034,4 km² de área com risco de ser desmatada. Esse número é o maior desde que o acompanhamento começou a ser feito, em 2015. No primeiro semestre deste ano, os alertas de desmatamento aumentaram 25% em comparação com o mesmo período de 2019, segundo o Inpe divulgou nesta sexta-feira (10).
Ao longo de 40 anos, principalmente a partir da Constituição de 1988, primeira a ter um capítulo específico para o meio ambiente e a impor o dever de defendê-lo e preservá-lo para gerações presentes e futuras, o Brasil vinha se posicionando bem nas questões ambientais, conforme avaliam os especialistas. Foram sendo criadas também leis e uma série de estruturas e aparatos para garantir que fossem cumpridas, como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 1989, e o próprio Ministério do Meio Ambiente, em 1992.

“Nos anos 1990, 1992, o Brasil liderou as discussões com o conceito de desenvolvimento sustentável, seguindo um tripé social, econômico e ambiental”, diz Benini, do TNC. Até 2012, foram instituídas também leis como a dos crimes ambientais, prevendo sanções penais e administrativas para atividades que prejudicam o meio ambiente, e a de unidades de conservação. O Estatuto das Cidades, de 2001, teve entre os objetivos permitir que o desenvolvimento dos municípios não ocorresse em detrimento do meio ambiente. 

Em 2012, porém, a situação começou a mudar. Um novo Código Florestal, mais permissivo que os anteriores, foi aprovado depois de cinco anos de discussões. De lá para cá, especialmente a partir de 2015, os índices foram aumentando gradualmente, até começarem a bater recorde atrás de recorde a partir de 2018. O que deu errado?

Fonte: Galileu 

Estudo da ONU Meio Ambiente mostra alta concentração de antibióticos nas águas de rios do mundo

O uso indevido de antibióticos em humanos e animais está acelerando o processo de resistência a esses medicamentos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Antibióticos também parecem estar se espalhando no meio ambiente. Um estudo global recente descobriu que as concentrações de antibióticos em alguns rios do mundo excedem os níveis “seguros” em até 300 vezes.
Os antibióticos são apenas um entre uma variedade de produtos farmacêuticos, produtos de higiene pessoal e outros contaminantes ambientais cada vez mais presentes nas águas residuais e nos lixões do mundo. O relato é da ONU Meio Ambiente.
ONU



Descobertas recentes indicam que 20% das gaivotas-prata na Austrália carregam bactérias patogênicas resistentes a antibióticos, o que está aumentando o receio de que bactérias causadoras de doenças possam se espalhar das aves para os seres humanos e animais domésticos. As gaivotas coletam bactérias, como a E. coli, de águas residuais, esgotos e lixões.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência a antibióticos é hoje uma das maiores ameaças à saúde, à segurança alimentar e ao desenvolvimento global. Numerosas infecções, como pneumonia, tuberculose, gonorreia e salmonelose, estão se tornando mais difíceis de tratar, à medida que os antibióticos usados ​​tornam-se menos eficazes. A resistência a antibióticos leva a internações hospitalares mais longas, custos médicos mais altos e aumento da taxa de mortalidade.
A resistência aos antibióticos ocorre quando as bactérias mudam em resposta ao uso de tais medicamentos. Essas bactérias podem infectar humanos e animais, e as infecções que causam são mais difíceis de tratar do que aquelas causadas por bactérias não resistentes.
Embora a resistência a antibióticos ocorra naturalmente, o uso indevido de antibióticos em humanos e animais está acelerando o processo, segundo a OMS.
Antibióticos também parecem estar se espalhando no meio ambiente. Um estudo global recente descobriu que as concentrações de antibióticos em alguns rios do mundo excedem os níveis “seguros” em até 300 vezes.
“Os pesquisadores procuraram 14 antibióticos comumente usados ​​em rios de 72 países, em seis continentes, e encontraram antibióticos em 65% dos locais monitorados”, diz um relatório recente da Universidade de York.
“O metronidazol, usado para tratar infecções bacterianas, incluindo infecções de pele e da boca, excedeu os níveis seguros pela maior margem, com concentrações 300 vezes maiores que o nível ‘seguro’ em uma área em Bangladesh.”
“No rio Tâmisa e um de seus afluentes em Londres, os pesquisadores detectaram uma concentração total máxima de antibióticos de 233 nanogramas por litro (ng/l), enquanto em Bangladesh a concentração foi 170 vezes maior”, diz o estudo global.
Os antibióticos são apenas um dentre uma variedade de produtos farmacêuticos, produtos de higiene pessoal e outros contaminantes ambientais, cada vez mais presentes nas águas residuais e nos lixões, que podem ter efeitos adversos à saúde. Essas substâncias são conhecidas como “poluentes emergentes”.

Poluentes emergentes

“As águas residuais municipais, industriais e, mais recentemente, domésticas são as principais fontes de poluentes emergentes no ambiente aquático”, afirma Birguy Lamizana, especialista em águas residuais do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Produtos químicos e compostos que apenas recentemente foram identificados como ameaças potenciais ao meio ambiente e ainda não são amplamente regulamentados pela legislação nacional ou internacional são conhecidos como “poluentes emergentes”. Eles são classificados como “emergentes”, não porque os próprios contaminantes sejam novos, mas por causa do crescente nível de preocupação gerada.
“A lista de compostos que são qualificados como poluentes emergentes é longa e cresce cada vez mais”, diz um estudo do PNUMA sobre produtos farmacêuticos e produtos de higiene pessoal no ambiente marinho: uma questão emergente.
“A categoria inclui uma variedade de compostos: antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios, medicamentos psiquiátricos, esteroides e hormônios, contraceptivos, fragrâncias, filtro solar, repelentes de insetos, microesferas, microplásticos, anti-sépticos, pesticidas, herbicidas, surfactantes e metabólitos de surfactantes, retardantes de chama, aditivos e produtos químicos industriais, plastificantes e aditivos para combustíveis, entre outros.”
A deposição atmosférica é uma fonte significativa de poluentes emergentes em águas abertas. No entanto, a maioria desses poluentes não está incluída em acordos internacionais com programas de monitoramento de rotina; portanto, seu impacto no meio ambiente não é bem conhecido.

Desreguladores endócrinos

Um grupo de contaminantes emergentes são os desreguladores endócrinos. Os desreguladores endócrinos são substâncias químicas que inibem ou aumentam artificialmente a função dos mensageiros químicos naturais do corpo.
Peixes e anfíbios próximos a fontes de água poluída mostraram anormalidades reprodutivas e deformidades físicas, e acredita-se que isso seja resultado de contaminantes causadores de desregulação endócrina.
“Mais pesquisas são necessárias para determinar os possíveis efeitos à saúde de desreguladores endócrinos de baixo nível no esgoto e no abastecimento da água doméstica”, diz Lamizana. “No entanto, é razoável supor que em áreas secas ou durante a estação seca os corpos d’água são mais propensos a conterem proporções mais altas desses contaminantes”.
O estudo do PNUMA diz que o princípio da precaução deve orientar as respostas aos poluentes emergentes. “Ao promover pesquisas, programas de monitoramento, reduções de resíduos e química verde, deve se tornar possível prevenir e mitigar os impactos negativos dos produtos farmacêuticos sem comprometer sua disponibilidade, eficácia ou acessibilidade econômica, particularmente em países onde o acesso a importantes serviços de saúde ainda é limitado”.
“Os ecossistemas naturais de água doce são desvalorizados e sobre-explorados. Precisamos mudar as nossas estruturas de incentivo do estímulo à poluição, à degradação do ecossistema e à exploração excessiva dos recursos naturais para comportamentos pró-conservação. As ferramentas adequadas para isso já estão à nossa disposição, mas precisamos garantir que os tomadores de decisões as levem em devida consideração e ajam”, afirma Jacqueline Alvarez.
Uma resolução adotada pela Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente em março de 2019 incitou os governos e todas as outras partes interessadas, incluindo agências, fundos e programas da ONU, “a apoiar plataformas relevantes de interface de políticas científicas, incluindo contribuições da comunidade acadêmica; melhorar a cooperação nas áreas de meio ambiente e saúde; e chegar a maneiras de fortalecer a interface ciência-política, incluindo sua relevância para a implementação de acordos ambientais multilaterais em nível nacional”.

Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/10/2019
Estudo da ONU Meio Ambiente mostra alta concentração de antibióticos nas águas de rios do mundo, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/10/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/10/22/estudo-da-onu-meio-ambiente-mostra-alta-concentracao-de-antibioticos-nas-aguas-de-rios-do-mundo/.

Cientistas na corrida contra a ZiKA

RIO — Desde que a epidemia de zika foi declarada emergência de saúde pública no Brasil, em novembro de 2015, a comunidade científica internacional vem unindo esforços para desenvolver uma vacina eficaz contra o vírus. Hoje, existem 39 projetos em andamento, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as iniciativas mais avançadas, cinco estão na chamada fase 1, a dos testes em humanos. Se os resultados forem positivos nessa etapa, a imunização passará por mais duas amplas rodadas de testes, com número maior de participantes, até atingir a possibilidade de ser liberada para a população.

No Brasil, a grande aposta do Ministério da Saúde é uma vacina desenvolvida pelo Instituto Evandro Chagas, do Pará, em parceria com a Universidade Medical Branch do Texas, nos Estados Unidos. A previsão é de que os testes da vacina brasileira em humanos comecem ainda este semestre. O processo que começa com a criação e termina com a disponibilização de uma vacina dura, em média, dez anos; mas é provável que a da zika leve menos, já que vários países estão numa corrida por ela. Hoje já existem vacinas contra dengue e febre amarela. Estudos sobre a imunização contra a chicungunha, outra doença transmitida pelo Aedes, estão menos adiantados.

DOENÇA TEM APENAS UM TIPO DE VÍRUS

Um dos pontos que tornam essa tarefa menos complexa é que existe somente um tipo de vírus da zika, ao contrário de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como a dengue, que tem quatro cepas.
— Tenho praticamente certeza de que desenvolveremos uma vacina mais rapidamente. Devemos avançar, nos próximos anos, para a obtenção de uma imunização ou até de mais de uma — afirma Wilson Savino, diretor do Instituto Oswaldo Cruz e membro do Gabinete de Enfrentamento à Emergência em Saúde Pública da Fiocruz.
Uma vez consolidada pelo Instituto Evandro Chagas, essa vacina terá tanto seus estudos clínicos quanto sua fabricação realizados pela Fiocruz. O projeto pretende criar uma vacina com o vírus atenuado, o mesmo princípio da imunização contra a febre amarela, que tem eficácia de mais de 95%.
Segundo Savino, uma das dificuldades para alcançar uma vacina segura e eficaz é que ainda não se conhece com exatidão a resposta do corpo humano ao vírus da zika. Não se sabe, por exemplo, se os indivíduos ficam imunes a uma segunda infecção e se a resposta imunológica à dengue pode influenciar a da zika, ou vice-versa.
Outro ponto fundamental é que, enquanto grande parte das outras vacinas é contraindicada para grávidas, a da zika precisa ser especialmente aplicada nesse grupo, para evitar o risco de a infecção afetar o desenvolvimento cerebral do feto.

O primeiro projeto de vacina da zika a ter liberação para iniciar testes em humanos, em julho do ano passado, foi o elaborado pela farmacêutica americana Inovio em parceria com a empresa sul-coreana GeneOne Life Sciences. Consiste em usar um fragmento do DNA do vírus, criado em laboratório, para estimular uma resposta imunológica. Esse método é considerado o futuro da vacinação mundial. Segundo as empresas parceiras, a previsão é de que a fase 1 seja concluída no fim deste ano ou no início de 2018.
Outro projeto promissor é o desenvolvido pela Sanofi Pasteur — responsável pela primeira vacina contra a dengue — em conjunto com centros de pesquisa da Universidade de Harvard, nos EUA. Também na fase 1, essa iniciativa tem o objetivo de criar uma imunização à base do vírus da zika inativado, eliminando o risco de efeitos colaterais. Essa técnica é utilizada para as vacinas contra poliomielite e hepatite A, por exemplo.
Alguns cientistas também buscam uma imunização eficaz contra o chicungunha. São dois projetos em curso até o momento, ambos fora do país. Ano passado, o número de casos dessa doença no Brasil superou o da zika.

PARANÁ APLICA VACINA CONTRA DENGUE

Já a dengue, velha conhecida dos brasileiros, encontrou uma adversária à altura há pouco mais de um ano, quando a primeira vacina contra a doença foi aprovada no país. Criada pela Sanofi, a imunização feita em três doses começou a ser aplicada no Paraná, em agosto de 2016. Disponível na rede pública do estado, a vacina tem eficácia de 74% já na primeira dose. No entanto, a cobertura ainda está muito aquém do desejado. A meta era vacinar 80% do público-alvo — pessoas entre 15 e 27 anos —, mas apenas 40% compareceram aos postos. No restante do país, a vacina só está disponível em clínicas privadas.
— Traçamos uma meta ousada. Mas acho que a cobertura foi satisfatória, em especial por se tratar de uma vacina inédita e de o início da campanha ter sido no inverno, quando há poucos casos — analisa Júlia Cordellini, diretora do centro de epidemiologia da Secretaria de Saúde do Paraná.
A segunda dose da vacina começará a ser dada em 3 de março, e o próximo reforço está programado para setembro.


O último grande surto de dengue no Brasil ocorreu em 2013, quando mais de dois milhões de pessoas foram afetadas. E, mesmo sem grande alarme, os números continuaram altos desde então. No ano passado, o Ministério da Saúde recebeu quase 1,5 milhão de notificações.

Fonte: O Globo

Agetop vence prêmio de Meio Ambiente com aplicativo que preserva vida de animais silvestres

Agência goiana foi uma das vencedoras do  15º Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente com o projeto Rodovia Segura para a Fauna Silvestre

Divulgação


A Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop) foi uma das vencedoras do 15º Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente com o projeto Rodovia Segura para a Fauna Silvestre, o Rodobicho. O projeto, de autoria do engenheiro Victor Emmanuel dos Reis, tem como objetivo preservar a vida dos animais que fazem a travessia de rodovias.
A Agetop concorreu com outros 76 trabalhos inscritos, conquistado a primeira colocação na modalidade Biodiversidade. O engenheiro idealizou um aplicativo para smartphones e tablets que permite ao motorista enviar fotos de animais silvestres atropelados nas estradas.
A ferramenta virtual vai contribuir para direcionar obras na malha rodoviária e contribuir para desenvolver a consciência ambiental dos motoristas. “Será possível identificar as rodovias onde há maior travessia de animais e planejar intervenções para a passagem da fauna por esses locais”, revelou o autor do projeto.
O aplicativo ainda está em fase de testes e não há previsão para o seu lançamento.

AQUECIMENTO GLOBAL

A influência da carne no meio ambiente

O filé-mignon comanda a lista dos preços caros de muitos cardápios nos restaurantes. Porém os clientes não sabem quanto ele custa de fato ao planeta. A carne fornece 17% da ingestão mundial de calorias, porém requer um volume desproporcional de água e alimentos para os animais. E mais terras são cedidas como pasto para animais do que para qualquer outra finalidade. O setor pecuário é responsável por 8% a 18% das emissões globais de gases poluentes, quase a mesma quantidade da emissão de gases tóxicos dos escapamentos dos automóveis no mundo inteiro. Os animais ruminantes, como bovinos e ovinos, têm no interior de seus estômagos uma bactéria que absorve plantas resistentes e ricas em celulose. Mas enquanto fazem a digestão expelem um enorme volume de gases. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, os animais ruminantes domésticos expelem 100 milhões de toneladas de metano, um gás de efeito estufa 25 vezes mais potente do que o gás carbônico, por ano.

Diversas pesquisas realizadas nos últimos anos têm estudado a influência da carne no meio ambiente. Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences em 2013 descreveu o volume de gases efeito estufa associados à produção de um quilo de proteína de diferentes animais. O frango era a opção menos poluente com 3,7 kg. O porco ficou em segundo lugar com 24 kg. Já os bovinos ficaram bem atrás com 1.000 kg. Os frangos e os porcos beneficiavam-se do sistema eficiente de criação confinados em aviários e baias. O instituto de pesquisa britânico Chatham House, com sede em Londres, publicou em 2014 e 2015 relatórios sobre alimentação e mudança climática. No último relatório o instituto analisou a parcela crescente das colheitas mundiais destinadas à alimentação de animais e os efeitos nos preços dos alimentos. O consumo dos carnívoros com alto poder aquisitivo quase sempre superava as necessidades dos consumidores de cereais mais pobres.

Então, o que um consumidor consciente deveria fazer? Um estudo recente também publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences calculou os benefícios de uma alimentação com pouca carne e da dieta vegetariana, com o uso de modelos computacionais até 2050. A dieta com consumo de pouca carne incluía a ingestão de cinco porções de frutas e legumes, menos de 50 g de açúcar, até 43 g de carne vermelha, com um conteúdo energético de 2.200 a 2.300 calorias. A dieta vegana também foi analisada.
Com o consumo de pouca carne, a emissão global de gases efeito estufa aumentou só 7% em 2050, em comparação com a expectativa de um aumento de 51% de acordo com as projeções do consumo atual. A mudança disseminada para a dieta vegetariana diminuiria as emissões em quase dois terços e a vegana em 70%. Uma alimentação cuidadosa ofereceria também mais benefícios diretos à saúde. Uma dieta rica em carne vermelha, sobretudo a processada, pode aumentar o risco de doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. O estudo revelou que mais de 5 milhões de mortes poderiam ser evitadas nos próximos 30 anos ou mais com um consumo menor de carne no mundo inteiro. Mais de 7 milhões se beneficiariam com a adoção mais ampla da dieta vegetariana; e a dieta vegana melhoraria a saúde de 8 milhões de pessoas.

Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br

MUTAÇÕES GÊNICAS

1. Mutação: em geral é a mudança na sequencia de DNA de um gene. Juntamente à recombinação gênica é responsável pela variação genética dos seres vivos.
a) Mutação de ponto: refere-se tipicamente à alteração de um único par de bases do DNA ou um pequeno número de pares de bases adjacentes.
Tipos de mutação de ponto: 1) substituições de base e 2) inserções e deleções.
> Substituições de base: são mutações nas quais um par de bases é substituído por outro. As substituições de base podem ser subdivididas em: 1) Transições e 2)transversões. No caso das transições a substituição da base ocorre por outra base da mesma categoria química e na transversão uma purina é substituída por uma pirimidina ou vice-versa.
> Inserções ou deleções: são mutações que inserem ou deletam pares de nucleotídeos. Entretanto, a convenção é chamá-las de inserção ou deleção de
pares de bases. Quanto atuam coletivamente são chamadas mutações indel. A
mais simples é a inserção ou deleção de um único par de bases.
Consequências moleculares das mutações de ponto em uma região codificante: para substituições de uma única base, existem vários resultados possíveis, mas todos são consequências diretas de dois aspectos do código genético: 1) redundância do código e 2) existência de códons de término de tradução.
> Mutações sinônimas: a mutação muda um códon de um aminoácido por outro códon desse mesmo aminoácido. As mutações sinônimas também são chamadas de mutações silenciosas.
> Mutações de sentido trocado: O códon para um aminoácido é trocado por um códon para outro aminoácido. As mutações de sentido trocado também podem ser chamadas não-sinônimas.
*Substituição conservativa: o novo aminoácido é de natureza química similar
ao anterior diminuindo a chance de uma alteração grave na estrutura da proteína.
*Substituição não conservativa: neste caso o novo aminoácido possui natureza química bem diferente ao antigo o que pode levar a uma grave alteração na estrutura da proteína.
>Mutações sem sentido: o códon para um aminoácido é mudado por um códon terminal. Esse tipo de mutação levará a um termino prematuro da tradução.
>Mutações indel: esse tipo de mutação acrescenta ou retira uma base do lugar alterando a partir deste sítio de mutação toda a sequencia de bases. Portanto esse tipo de mutação também é conhecida como mudanças de matriz de leitura. Essa mudança na matriz resulta tipicamente com a perda completa da estrutura e função normal da proteína.
As consequências moleculares das mutações de ponto em uma região nãocodificante: regiões não codificantes são partes de um gene que não codificam diretamente uma proteína, porém possuem sítios cruciais de ligação para proteínas intercaladas entre as seqüências que não são essenciais para a expressão ou atividade gênica. Ao nível do DNA, os sítios de ligação incluem os sítios aos quais se ligam a RNA polimerase e seus fatores associados, bem como os sítios aos quais se ligam proteínas específicas reguladoras da transcrição. Em geral, as
consequências funcionais de qualquer mutação de ponto em tal região dependem de a mutação perturbar um sítio de ligação. As que perturbam tem o potencial de mudar o padrão de expressão de um gene alterando a a quantidade de produto expresso em um determinado momento.
Tais mudanças reguladoras irão alterar a quantidade do produto proteico mas não a estrutura da proteína. Em alguns momentos mutações nestes sítios podem bloquear completamente ema etapa necessária na expressão de um gene normal (tal como a ligação do RNA polimerase ou fatores de recomposição) e, assim inativar totalmente o produto gênico ou bloquear sua formação.
2. Mutações espontâneas
– O que são: são mutações genicas de ocorrência natural e surgem em todas as células.
– As mutações espontâneas ocorrem aleatoriamente em qualquer alelo do DNA de qualquer célula do organismo. Fatores externos e ambientais não interferem na ocorrência ou não de mutações, mas sim, seleciona as células mutadas.
– Mecanismos de mutação espontânea: 1) erros na replicação do DNA e 2) lesões espontâneas.
> Erros na replicação do DNA: 1) pela formação de um par errado de nucleotídeos levando a uma substituição de bases que pode ser uma transição ou uma transversão, e 2) pela adição ou subtração de pares de bases criando uma mudança na matriz de leitura.
*Transição: no momento da replicação pode ocorrer um mal pareamento fazendo com que uma base esteja onde não deveria estar. No momento da transcrição ocorrerá uma substituição de sentido trocado conservativa. EX: A -C
*Transversões: neste caso o pareamento errado deverá ser entre uma purina e outra purina ou entre uma pirimidina e outra pirimidina. Ex: G - A
* Mudanças na matriz de leitura: nesse caso quando tais mutações adicionam ou subtraem um numero de bases não divisível por três, elas produzem mudanças de matriz de leitura nas regiões codificantes de proteína.
> Lesões espontâneas: três fatores mais comuns podem estar envolvidos nestas lesões ao DNA: 1) depurinação, 2) desaminação e 3) danos oxidativos à base. No primeiro caso ocorre a perda de uma base purina o que acaba por criar um sítio apurínico que pode ser preenchido por uma base qualquer levando a uma mutação. No segundo caso a citosina desaminada irá produzir uracil que ao parear com uma adenina na replicação converterá um par G . C em um par A.T. Espécies oxidativas como oxidrila e peróxido de hidrogênio podem causar danos ao DNA levando a mutações.
3. Mutações induzidas: neste caso fatores externos induzem a formação de mutações. Tais fatores podem ser naturais ou de origem laboratorial. A produção de mutações por fatores mutágenos é chamada mutagênese e o organismo dito mutagênizado.
– Mecanismos da mutagênese: 1) substituição de uma base do DNA, 2) alteração de uma base de modo que ela faça um pareamento especificamente errado com outra base ou 3) danificar uma base de modo que ela não posso mais realizar pareamento sob condições normais.
> Incorporação de análogos de base: substancias químicas com estrutura semelhante as bases nitrogenadas podem eventualmente ocupar o lugar dessas bases durante o processo de replicação. Essas substancias podem levar a pareamentos errados causando mutações. Tais substancias são ditas análogas.
> Mal pareamento específico: neste caso agentes mutágenos ocasionam a modificações nas bases nitrogenadas impedindo o pareamento.
> Agentes intercalares: alguns mutágenos conseguem mimetizar pares de bases e se intercalar entre outros pares podendo causar deleção ou inserção de um único par de nucleotídeos.
> Danos as bases:
*Raios U.V: a luz ultravioleta gera um número de tipos distintos de alterações no DNA, chamados de fotoprodutos. O mais provável desses produtos para levar a mutações são duas lesões diferentes que unem pirimidinas adjacentes no mesmo filamento.
*Radiação ionizante: pode causar danos das seguintes formas: 1) formação de moléculas ionizadas e excitadas (reativos de oxigênio) que podem causar danos ao DNA, 2)Quebra de ligações N-glicosídicas, levando a formação de sítios apurínicos ou apirimidínicos e 3) pode causar quebras filamentares.
 
Fonte: Unifenas - BH

Por que os biomas brasileiros nunca estiveram tão ameaçados

Nos mais de 40 anos em que frequenta a Lagoa do Peri, localizada no sul da ilha de Florianópolis e conhecida por ser a maior lagoa de água d...