A influência da carne no meio ambiente
O filé-mignon comanda a lista dos preços caros de muitos cardápios
nos restaurantes. Porém os clientes não sabem quanto ele custa de fato
ao planeta. A carne fornece 17% da ingestão mundial de calorias, porém
requer um volume desproporcional de água e alimentos para os animais. E
mais terras são cedidas como pasto para animais do que para qualquer
outra finalidade. O setor pecuário é responsável por 8% a 18% das
emissões globais de gases poluentes, quase a mesma quantidade da emissão
de gases tóxicos dos escapamentos dos automóveis no mundo inteiro. Os
animais ruminantes, como bovinos e ovinos, têm no interior de seus
estômagos uma bactéria que absorve plantas resistentes e ricas em
celulose. Mas enquanto fazem a digestão expelem um enorme volume de
gases. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura, os animais ruminantes domésticos expelem 100 milhões de
toneladas de metano, um gás de efeito estufa 25 vezes mais potente do
que o gás carbônico, por ano.
Diversas pesquisas realizadas nos últimos anos têm estudado a influência da carne no meio ambiente. Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences em 2013 descreveu o volume de gases efeito estufa associados à produção de um quilo de proteína de diferentes animais. O frango era a opção menos poluente com 3,7 kg. O porco ficou em segundo lugar com 24 kg. Já os bovinos ficaram bem atrás com 1.000 kg. Os frangos e os porcos beneficiavam-se do sistema eficiente de criação confinados em aviários e baias. O instituto de pesquisa britânico Chatham House, com sede em Londres, publicou em 2014 e 2015 relatórios sobre alimentação e mudança climática. No último relatório o instituto analisou a parcela crescente das colheitas mundiais destinadas à alimentação de animais e os efeitos nos preços dos alimentos. O consumo dos carnívoros com alto poder aquisitivo quase sempre superava as necessidades dos consumidores de cereais mais pobres.
Então, o que um consumidor consciente deveria fazer? Um estudo recente também publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences calculou os benefícios de uma alimentação com pouca carne e da dieta vegetariana, com o uso de modelos computacionais até 2050. A dieta com consumo de pouca carne incluía a ingestão de cinco porções de frutas e legumes, menos de 50 g de açúcar, até 43 g de carne vermelha, com um conteúdo energético de 2.200 a 2.300 calorias. A dieta vegana também foi analisada.
Com o consumo de pouca carne, a emissão global de gases efeito estufa
aumentou só 7% em 2050, em comparação com a expectativa de um aumento
de 51% de acordo com as projeções do consumo atual. A mudança
disseminada para a dieta vegetariana diminuiria as emissões em quase
dois terços e a vegana em 70%. Uma alimentação cuidadosa ofereceria
também mais benefícios diretos à saúde. Uma dieta rica em carne
vermelha, sobretudo a processada, pode aumentar o risco de doenças
cardíacas e alguns tipos de câncer. O estudo revelou que mais de 5
milhões de mortes poderiam ser evitadas nos próximos 30 anos ou mais com
um consumo menor de carne no mundo inteiro. Mais de 7 milhões se
beneficiariam com a adoção mais ampla da dieta vegetariana; e a dieta
vegana melhoraria a saúde de 8 milhões de pessoas.
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br