Echiura são invertebrados marinhos bentônicos, não segmentados, saciformes, com uma probóscide não retrátil. Não obstante viverem em galerias sempre bem protegidas da incidência direta de luz, muitos Echiura apresentam cores vistosas. Esses vermes habitam fundos moles (areia, silte, lodo) ou duros (coral), sendo encontrados desde a região entremarés até profundidades que ultrapassam os 10.000 metros. A principal coleção brasileira de Echiura encontra-se no Departamento de Zoologia (Instituto de Biociências) da Universidade de São Paulo. Por suas características morfológicas e desenvolvimento embriológico, pode-se acreditar em discreto parentesco entre Echiura e Annelida. Esses vermes são muito antigos na história do planeta, com registros a partir do Siluriano, e sua importância biológica reside no fato de constituírem um dos itens alimentares da dieta de peixes de valor comercial.
Introdução
Os Echiura são invertebrados marinhos bentônicos não segmentados, que apresentam espaçosa cavidade celomática. Têm a forma geral de bastão, pêra ou bola e uma probóscide não retrátil. No corpo observa-se, quase sempre, um par de diminutas cerdas do tipo anelidiano, localizadas na região ventral anterior. O ânus é terminal. A variação do tamanho em Echiura oscila entre 10 e cerca de 700mm, porém a maioria das espécies mede entre 20 e 100mm de comprimento. As diferentes espécies de Echiura habitam fundos moles (areia grossa, fina, coralígena ou lodo) ou duros (coralo) e podem construir suas galerias em variadas situações protetoras, tais como: a base de invertebrados sésseis, sob algas, em conchas abandonadas etc. Não é incomum que esses invertebrados formem grandes populações em determinados fundos marinhos. Suas galerias de lama compactada e revestidas internamente com muco podem abrigar um expressivo número de inquilinos. O fato de que entre 25-30% das espécies do filo tenham sido descritas a partir de um único exemplar (Stephen & Edmonds, 1972) e nunca mais tenham sido reencontradas deve ser interpretado como um uso não adequado de técnicas de coleta para esses animais, ao invés de se invocar a raridade dos mesmos. Os Echiura ocorrem em todos os mares, quentes ou frios, desde a região entremarés até profundidades tão grandes quanto 10.210m (Zenckevitch, 1966). São invertebrados muito antigos na história da Terra, havendo registro de seus vestígios para o período Siluriano (Risk, 1973).
Não está esclarecida a importância ecológica dos Echiura na costa brasileira, porém, a exemplo dos Sipuncula, esses vermes fazem parte da dieta de numerosos peixes demersais. Há registros de parasitas desses vermes, tais como Protozoa, Plathyelminthes, Nematoda, Annelida e Copepoda (Illg, 1970; Jones & Schiess, 1970), além de um considerável número de comensais. Um aspecto particularmente relevante da biologia de Echiura refere-se ao determinismo do sexo na família Bonelliidae, assunto pesquisado há mais de 80 anos e com excelente revisãode Pilger (1978).
Estado do conhecimento
O filo Echiura é constituído de cerca de 130 espécies, se bem que uma criteriosa revisão do grupo fatalmente reduzirá esse número à metade. O registro desses invertebrados para a costa brasileira dá um total deapenas 9 espécies e, para o litoral de São Paulo, o número cai para 5. Não há, na literatura, indicação de espécies de Echiura endêmicas, invasoras e/ou introduzidas na costa brasileira.
Metas
Os Echiura podem ser considerados como sésseis, uma vez que geralmente habitam galerias permanentes. Assim sendo, sua capacidade de locomoção/fuga é praticamente nula e o assoreamento das praias areno-lodosas ao longo da costa do Brasil deve estar eliminando as populações desses invertebrados das regiões entremarés. Como conseqüência, um inventário das espécies que ocorrem no estirâncio já se encontra, de partida, prejudicado. A exemplo do que tenho realizado com o filo Sipuncula nos últimos trinta anos, reuni coleções de Echiura provenientes das regiões entremarés e infralitoral raso (mais ou menos até 30m), tanto da costa do estado de São Paulo quanto de outras unidades da federação.
Essas coleções serão oportunamente informatizadas e depositadas no Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências, USP, quando for concluída a montagem das salas destinadas ao acervo científico do Departamento. A Smithsonian Institution (Washington, D.C., EUA) possui uma coleção de referência de Echiura.
Essas coleções serão oportunamente informatizadas e depositadas no Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências, USP, quando for concluída a montagem das salas destinadas ao acervo científico do Departamento. A Smithsonian Institution (Washington, D.C., EUA) possui uma coleção de referência de Echiura.
Bibliografia básica
Mercê das convergências morfológicas que apresentam, os filos Echiura, Sipuncula e Priapula foram, durante muito tempo, estudados como se fossem um só grupo (antigo filo Gephyrea). Essa prática gerou uma bibliografia comum, e o pesquisador que se ocupa de um grupo tem, geralmente, o mesmo desempenho nos outros dois.
No Brasil, os trabalhos que versam sobre o reconhecimento de espécies ou que tratam de outros enfoques biológicos do filo Echiura remetem-nos às publicações de: Amor (1971), De Jorge & Ditadi (1969), De Jorge et al. (1969), Ditadi (1970a, b, c, 1982, 1984), Ditadi & Mendes (1986), Macha & Ditadi (1972) e Schaeffer (1972). A bibliografia básica para o estudo da sistemática do grupo acha-se, principalmente, em Amor (1973), Bock (1942), Fisher (1946), Saxena (1983) e Stephen & Edmonds (1972). Até o momento, todos os autores trabalharam a sistemática do grupo com um enfoque lineano e a volumosa literatura produzida é, não raro, confusa quanto aos caracteres taxonômicos empregados na distinção de espécies e gêneros. Para os animais brasileiros, Ditadi (1983) publicou, em português, uma sinopse do filo, fornecendo informações sobre a biologia geral do grupo, métodos de coleta, manuseio e criação, bem como preservação de espécimes.
Esta publicação contém, ainda, chaves dicotômicas simplificadas que permitem a identificação dos animais até onível de gênero. Métodos de coleta, manutenção, anestesia, fixação e conservação podem ser encontrados em Ditadi (1987). A lista das espécies de Echiura do litoral de São Paulo está disponível em Ditadi (1998).
No Brasil, os trabalhos que versam sobre o reconhecimento de espécies ou que tratam de outros enfoques biológicos do filo Echiura remetem-nos às publicações de: Amor (1971), De Jorge & Ditadi (1969), De Jorge et al. (1969), Ditadi (1970a, b, c, 1982, 1984), Ditadi & Mendes (1986), Macha & Ditadi (1972) e Schaeffer (1972). A bibliografia básica para o estudo da sistemática do grupo acha-se, principalmente, em Amor (1973), Bock (1942), Fisher (1946), Saxena (1983) e Stephen & Edmonds (1972). Até o momento, todos os autores trabalharam a sistemática do grupo com um enfoque lineano e a volumosa literatura produzida é, não raro, confusa quanto aos caracteres taxonômicos empregados na distinção de espécies e gêneros. Para os animais brasileiros, Ditadi (1983) publicou, em português, uma sinopse do filo, fornecendo informações sobre a biologia geral do grupo, métodos de coleta, manuseio e criação, bem como preservação de espécimes.
Esta publicação contém, ainda, chaves dicotômicas simplificadas que permitem a identificação dos animais até onível de gênero. Métodos de coleta, manutenção, anestesia, fixação e conservação podem ser encontrados em Ditadi (1987). A lista das espécies de Echiura do litoral de São Paulo está disponível em Ditadi (1998).
Antônio Sérgio Ferreira Ditadi
Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo
Literatura citada
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och naturvetenskapliga skrifter. 2(6): 1-94.
De Jorge, F.B. & Ditadi, A.S.F. 1969. Biochemical studies on Lissomyema exilii (F. Müller, 1883) (Echiura).
Comparative Biochemistry and Physiology, 28: 817-827.
De Jorge, F.B., Petersen, J.A. & Ditadi, A..S.F. 1969. Influence of prolonged fasting on the biochemistry of
Lissomyema exilii (Echiura). Comparative Biochemistry and Physiology, 31: 483-492.
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and Echiura. vol. 2. Belgrado: Naucno Delo Press. p. 143-146.
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