Agricultura é maior responsável por desmatamento de florestas no Brasil


Mais da metade do desmatamento no Brasil, entre 2010 e 2012, foi causado pela atividade agrícola: 68% das zonas desflorestadas e 65% das pastagens naturais desmatadas foram tomadas por plantações. Nos dois anos, 3,5% do território nacional sofreu alterações. No intervalo entre 2000 e 2010, a taxa chegou a 7%. A agricultura ocupou, durante os dois anos, 77,5 mil km² de áreas florestais, como Mata Atlântica e Amazônia, e 101,7 mil km² de pastagens naturais, como as do Cerrado, Caatinga e Pampa.

Os dados, calculados por meio de imagens de satélite, foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são parte de estudo que monitora as mudanças de cobertura e de uso de terra. “Vemos uma expansão agrícola muito grande nos últimos dois anos. O que chamamos de áreas florestais é um conjunto de vegetação com porte acima de cinco metros de altura, não apenas de florestas, como a Amazônica. Não necessariamente são áreas protegidas. Também contamos com todos os tipos de expansão agrícola, de pequenas ou grandes produções. O que mostramos no estudo é um retrato completo de cada um desses anos, que está havendo um processo de transformação nas terras, e que ele sirva para outras pesquisas, que tratem das causas e possíveis soluções”, esclarece Eloisa Domingues, gerente de Uso da Terra do IBGE.

De 2000 até 2012, os pastos plantados, voltados para a criação de gado, foram as zonas que mais cresceram: o aumento foi de 336,2 mil km². As terras destinadas à agricultura tiveram incremento de 117,4 mil km². Já as pastagens naturais reduziram 308,4 mil km², e as florestas perderam 313,4 mil km² de área.

Conivência
 
Para Eleazar Volpato, professor aposentado do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), há conivência em relação à expansão agrícola no Brasil, inclusive da legislação. “Temos um problema de falta de estrutura organizacional e de administração. A agricultura foi estimulada a ocupar os espaços sem que houvesse um freio do outro lado, que a controlasse. Isso piora em tempos de crise. Estamos sofrendo de uma questão cultural: a agricultura faz bem para a economia do país, mas é uma tragédia nacional. Nós aplaudimos os desmatamentos que fornecem bens e riquezas, não os penalizamos. E não temos como parar isso, a não ser criando unidades de preservação, que atualmente não são fiscalizadas corretamente”, alerta.
 
Fonte: Diário de Pernambuco  

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